Projeto de combate à violência e promoção da cidadania

A violência tem consequências que vão muito para além das que são meramente físicas. Ela está muitas vezes associada ao consumo de tabaco, de álcool e drogas, à depressão, a perturbações de ansiedade, à obesidade, a perturbações do sono e do comportamento alimentar, a comportamentos sexuais de risco etc. Tudo isto são fatores que podem ter uma influência negativa no sucesso escolar dos alunos, foco principal de intervenção da EPIS.
Conscientes deste impacto, desde 2007 que a EPIS recolhe informação no início de cada ano letivo acerca da perceção que os alunos têm da existência de violência na sua escola. Numa análise que abrangeu já cerca de 36 800 alunos, 64% referem a existência de violência no espaço escolar. 
Da análise destes resultados e convictos de que a única forma de combater este fenómeno implica um esforço sustentado por uma postura comprometida de todos os elementos da comunidade escolar (diretores, professores, assistentes operacionais, pais e alunos) na criação de um ambiente seguro e gerador de aceitação e respeito, em 2015/2016, em parceria com o Governo Regional dos Açores, foi lançado um projeto piloto de Combate à Violência e Promoção da Cidadania nas escolas das Ilhas de S. Miguel e da Terceira, que abrange 319 turmas e um total de 6060 alunos, distribuídos pelas 2 ilhas. 
Em 2016/2017, com a parceria da SONAE, este programa foi alargado ao Continente e implementado na Escola do Cerco, no Porto. Atualmente envolve cerca de 800 alunos.
O Projeto tem como objetivo diminuir os índices de violência incrementando valores de tolerância, solidariedade, empatia, amabilidade, respeito ao próximo e altruísmo através da criação, em todas as escolas, de Gabinetes de Combate à Violência e Promoção da Cidadania (GCVPC), dinamizados por mentores (professores com formação prévia para o efeito).  
No âmbito destes gabinetes, estão contemplados três domínios de intervenção: 

1)    O apoio e capacitação de alunos e famílias – [1] Intervenção Dirigida: acompanhamento em proximidade de alunos e famílias envolvidos em situações de violência, quer como vítimas quer como agressores ou espetadores para apoio e treino de competências de assertividade, de gestão de raiva e de resolução de conflitos; [2] Intervenção Universal: Disponibilização de grelhas de identificação de sinais de alerta e dinamização de atividades de conscientização, prevenção e combate à violência para todos os alunos e famílias.

2)    A formação, treino e apoio de professores e assistentes operacionais – [1] Intervenção Dirigida: Trabalho em proximidade com professores e assistentes operacionais envolvidos em situações de violência; [2] Intervenção Universal: Formação e treino de estratégias de gestão comportamental e resolução de conflitos dentro e fora da sala de aula; Disponibilização de grelhas de sinais de alerta.

3)    A consciencialização da comunidade e trabalho em rede – [1] Intervenção Dirigida: Encaminhamento para recursos da rede de situações que ultrapassem o âmbito de atuação dos mentores; [2] Intervenção Universal: Dinamização de ações de consciencialização e envolvimento da comunidade.
 

Como forma de ser medido o impacto após 24 meses de implementação, foi desenvolvido um instrumento (Índice de Bem-Estar), que será aplicado como pré e pós teste, avaliando em Alunos, Famílias e Professores domínios como o Bem-Estar Escolar (Perceção de bem-estar geral – Felicidade-, Segurança, Sentimento de pertença, Apoio na resolução de conflitos, Justiça, Tolerância), Bem-Estar Familiar (Perceção de bem-estar geral – Felicidade-, Segurança, Sensação de apoio, afeto e pertença – Apgar Familiar -) e o Bem-Estar Comunitário (Perceção de bem-estar geral – Felicidade-, Segurança, Sentimento de pertença, participação cívica).

Para além dos domínios acima referidos, nos Alunos e nas Famílias, são ainda avaliadas dimensões como a Predisposição Comportamental Para a Violência, as Crenças Sexistas e Atitude Face à Violência Doméstica e no Namoro, a Intolerância e Justificação da Violência Face a Minorias e as Estratégias de Coping para resolução não violenta de conflitos.
Pretende-se que no final de 24 meses se evidencie o impacto nos domínios acima referidos e na diminuição do registo de incidentes críticos dentro e fora das salas de aula.

A VIOLÊNCIA é um problema de todos. 

Alunos, pais, professores e diretores, trabalhando em conjunto, podem contribuir para criar uma cultura de respeito e confiança para todos, em todos os lugares.